Nem os mais empenhados reformistas de gabinete podem negar. Os burgueses coerentes, estão de orelhas em pé. Há uma revolta popular nascendo. Na prática ela já existia e existe dentro de milhares, milhões, quem sabe até bilhões de pessoas espalhadas pelo mundo. Chamo-a de revolta contida - não por muito tempo. Desta vez são os jovens que demonstram o caminho de como canalizar essa indignação e transformá-la numa revolta cheia de esperança, esperança por mudança. Esses jovens são os que lutam contra a crise econômica e contra os governos patronais. Lutam contra o regime político podre, que mal consegue disfarçar-se em democrático. Lutam, em última instância, contra o capitalismo.
Sinceramente, me desculpem os derrotistas e reformistas, mas não há uma “ofensiva conservadora” nem no país, nem no mundo. Há, sim, uma revolta dos oprimidos, todos eles, que lutam pelo pão e pela liberdade, pelo direito de amar, por terra – para brancos, pretos e indígenas - casa, salário, Maracanã, sigilo, segurança, e tantas outras pautas que no fim vão encontrar sempre os mesmos inimigos travestidos de diversas formas: burgueses e reformistas.
A distância que divide Julian Assange, Bradley Manning, os jovens turcos, Sírios, Palestinos, operários de Belo Monte, jovens de São Paulo, Porto Alegre, Rio, Goiânia, Natal, professores, SPF´s, bombeiros, metalúrgicos, rodoviários, vigilantes, donas de casa e mais um monte de gente, é cada vez menor. Friso: cada vez menor! E não há nada mais temeroso, para os burgueses e para os reformistas, do que quando esse bando de gente começa a se entender como realmente são, irmãos e companheiros e começam a ir pras ruas.
Existem, sim, espasmos de reação. Espasmos violentos (e não poderia ser diferente) que se demonstram mais concretos na repressão policial e em contra ofensivas como o bizarro Estatuto do Nascituro ou a Lei de Drogas no Brasil. Mas é assim mesmo. Não se chama luta de classes por brincadeirinha. Não é um jogo que vamos jogar sozinhos, que jogamos sozinhos. A cada ação e avanço nosso, vamos receber um ou vários espasmos dos reacionários. Aos que argumentam essa tese, a de que os conservadores estão na ofensiva, minhas palavras não irão convencê-los mas, pede-se menos cinismo, e que a Revolta do Parque na Turquia ou que essa "primaverita" que a juventude brasileira está ensaiando começar, sejam elementos suficientes. Se meu interlocutor é um reformista/governista mais metódico cito, embora não goste muito, que um misto de coisas como a inflação, os escândalos de corrupção, privatizações e o conjunto da velha política, começam a baquear a popularidade da Dilma, que caiu consideráveis 7%.
Quando a luta de classes se agudiza, a sociedade e o mundo se polarizam. Cada espaço da sociedade é um espaço de disputa. Debate-se economia, política e valores. O mundo está em cheque. A cada praça ocupada, cada rua em passeata, cada barricada levantada, caem mais e mais os véus invisíveis que nos impediam de enxergar anteriormente o que já estamos enxergando agora. Prefiro assim. É assim que tem que ser.
E acredite burguês e reformista, não só tá acontecendo como amanhã, certamente será maior!