Fora a intervenção militar russa! Não ao referendo que pretende anexar a Criméia!
Nem a Rússia nem a UE são a solução para o povo ucraniano! Nenhum ajuste feito pela UE- FMI -Obama!
Fonte:
Após a revolta popular que derrubou o governo reacionário e repressivo pró- russo de Yanukovych, a Rússia, sob a presidência de Putin, interveio militarmente na região da Crimeia sob o falso pretexto da "defesa humanitária " dos concidadãos russos. O governo regional pró Yanukovich convocou um referendo, com o apoio das tropas russas e paramilitares, para 16 de Março a fim de anexar a Criméia à Federação Russa. Não se trata de nenhuma defesa humanitária e nem de uma reivindicação justa à autodeterminação, mas uma armação de Putin para dividir a Ucrânia e rachar o processo de rebelião das massas, manter a base naval de sua frota de guerra em Sebastopol, com mais de 13 mil soldados, e defender os negócios dos mafiosos empresários russos. Por isso, nós chamamos a rechaçar essa intervenção e a tentativa de anexar a Crimeia. Já tiveram manifestações em Moscou contra a intervenção militar russa que foram reprimidas.

Do outro lado, o governo que assumiu temporariamente em Kiev, capital da Ucrânia, defende os interesses da oligarquia dos novos ricos ucranianos que querem negociar com os governos e as empresas multinacionais da UE e dos EUA. Eles querem trocar o saqueador russo pelo saqueador "ocidental". Por isso que, Obama e a UE, com a aprovação do FMI, já concederam um empréstimo de 11 bilhões de euros para “ajudar” a Ucrânia. Já os trabalhadores, os povos europeus e do mundo todo sabem o que significará essa "ajuda”: a queda de salários e cortes de benefícios sociais. O que resultará em mais aperto, mais pobreza e mais saques para o povo ucraniano.

Portanto, nós socialistas revolucionários dizemos claramente que os trabalhadores, os jovens e as pessoas que lutaram durante três meses na praça central de Kiev e em toda a Ucrânia, não podem se deixar enganar pelo novo governo, por nenhuma dessas duas alternativas. Não haverá solução para as suas reivindicações sociais e democráticas, nem com Putin e Rússia e nem com FMI, EUA e Obama.

Todos estão negociando pelas costas dos trabalhadores. Nada de bom virá deles. Putin pretende pressionar para retomar o acordo feito em 23 fevereiro entre os EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, Polônia, Yanukovich, a oposição burguesa e a própria Rússia. Acordo que foi rejeitado pelas massas na praça central de Kiev. A UE está interessada em manter o negócio de gás com a Rússia. Enquanto Obama precisa manter os acordos políticos com a Rússia para conter o povo rebelde sírio e tentar silenciar as revoluções no norte da África e no Oriente Médio.

A causa deste conflito está no processo de restauração capitalista na ex-URSS, o que levou a Ucrânia a décadas de pilhagem e empobrecimento da maioria do povo enquanto crescia uma minoria de bilionários ucranianos, entre os quais estão tanto os dos setor pró-russo que apoiam Yanukovych como também os da oposição liberal liderada pela bilionária Timoshenko. Eles criaram a atual divisão do povo ucraniano, que pode até mesmo levar a um banho de sangue ou a um novo acordo. As duas saídas vão contra todos os trabalhadores ucranianos.

Rejeitamos a tentativa de dividir a Ucrânia, divisão que servirá apenas para continuar saqueando suas riquezas e oprimir o seu povo. Também pesa o legado desastroso do stalinismo no oeste da Ucrânia, quando, em nome do falso socialismo, os burocratas do PC oprimiram os povos da ex-URSS. Após a segunda guerra mundial a Criméia foi " Russificada " por Stalin, que expulsou os povos nativos, os tártaros, sob o pretexto deles terem colaborado com os nazistas, quando a maioria esteve do lado do Exército Vermelho. Era uma desculpa para colonizar, mandando um contingente do povo russo à região, que era uma república autônoma na URSS, desde a época gloriosa da Revolução Russa. A burocracia stalinista procurava assim evitar a autonomia e o direito à mobilização de seu povo. Agora, a Rússia quer construir uma falsa bandeira de autonomia para defender sua nova opressão com Gazprom e os oligarcas russos.

Os trabalhadores e o povo da Ucrânia devem se esforçar para não cair nessa armadilha que coloca, de um lado a UE e o imperialismo ianque e do outro, Putin e o novo capitalismo russo. E lutar em defesa de uma Ucrânia unida e independente, que só terá lugar sob um governo dos trabalhadores e do povo para levar adiante as demandas sociais e democráticas das mobilizações.

Nem União Europeia e nem Rússia será a solução! Fora a intervenção militar russa! Nenhuma tentativa de anexação da Criméia! Não ao referendo anexionista! Não à divisão da Ucrânia! Nenhum acordo com a UE e o FMI! Apelamos aos povos do mundo para mostrar solidariedade com a justa luta do povo ucraniano pelos seus direitos sociais e democráticos, na perspectiva de uma saída independente, dos trabalhadores e do povo, sem UE nem Putin.


Comitê Executivo Internacional (CEI) da Unidade Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional (UIT- CI)
Data de Publicação: 10/03/2014 10:10:58

Galeria de Fotos: