Nos últimos dias protestos eclodiram nas ruas de várias cidades norte americanas em atos que condenam e acusam o sistema de justiça de discriminação racial, pela decisão de não indiciamento dos policiais brancos que mataram dois homens negros, Michael Brown e Eric Garner, ambos desarmados.

Os dois casos trouxeram à tona novamente tensões raciais nos Estados Unidos e as manifestações, que começaram pacíficas, passaram a ter confrontos entre ativistas e a polícia, prisões, bloqueios de rodovias em 170 cidades de 37 estados e uma grande repercussão internacional. Enquanto isso, o único gesto do presidente negro Obama foi pedirque aqueles que quisessem protestar optassem por manifestações pacíficas, mostrando como um presidente capitalista não pode dar fim efetivo ao racismo.
Tanto Brown, alvejado com dois tirosdisparados pelo policial Darren Wilson, em Ferguson, comoGarner, asfixiadopor policiais que o prenderam literalmente pelo pescoço, em Nova York, poderiam estar entre os 77% de negros dos 30.000 jovens assassinados por ano no Brasil, segundo os dados da campanha “‎JovemNegro Vivo”, da Anistia Internacional.

O censo dos EUA concluiu que 50 milhões de americanos são pobres e dentro dessa massa de pobres está a maioria dos negros estadunidenses. De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, a taxa de desemprego entre os negros é de 11,4% (contra 6,2% da população em geral). Na verdade os dois homens assassinados foram mais duas vítimas da brutalidade policial de um sistema que combina desigualdades sociais com discriminação racial para sustentar a hegemonia e os lucros de uma classe dominante capitalista.

A diferença de lá pra cá é que nós negros brasileiros somos a maioria da população e como maioria estamos também em maior número entre os mais pobres. Mas, essa diferença numérica não nos dá nenhuma vantagem social, muito pelo contrário. Isto é, a condição da maioria dos negros nos EUA reflete a mesma situação em que se encontram os negros que são a maioria da população no Brasil.
Lá, como aqui, a questão também passapela desmilitarização da polícia. Pois a militarização da polícia americana vem ocorrendo há décadas. Nos anos 1980 o governo federal deu acesso aos departamentos locais de polícia à milhões de dólares para o combate às drogas, e no começo dos anos 1990 o Congresso autorizou o Departamento de Defesa a dar às polícias locais acesso a seu arsenal militar.

Uma polícia militarizada e que tem como alvo principal, como costumam dizer por lá, as comunidades de “minorias raciais”, vistas como zonas de guerra e seus moradores como inimigos. Nós brasileiros conhecemos muito bem essa política de “combate às drogas” e seus resultados em humilhações e óbitos com a presença da polícia e, agora também, das forças armadas nas favelas.

- PELA PUNIÇÃO AOS ASSASSINOS DE MICHAEL BROWN, ERIC GARNER, AMARILDO, DOUGLAS RAFAEL PEREIRA (O DG) E CLÁUDIA!
-PELA VITÓRIA DA LUTA ANTIRACISTA NOS EUA E NO BRASIL! Por direitos sociais e condições de trabalho dignas!
- FIM DA REPRESSÃO POLICIAL CONTRA O POVO NEGRO! PELA DESMILITARIZAÇÃO DA POLICIA!

Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2014,
Corrente Socialista dos Trabalhadores - PSOL